segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Lana fala.

09/09/2013 16h55 - Atualizado em 09/09/2013 17h05

Sem censura, Lana abre o jogo e fala sobre problemas internos do Nacional

Ex-técnico do Leão acusa dirigente de interferência na escalação, questiona recentes contratações e lamenta volta do futebol do AM à estaca zero

Por Manaus
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Consagrado no futebol amazonense, principalmente pelo trabalho feito no São Raimundo no final dos anos 90 e início dos anos 2000, Aderbal Lana começou neste ano a trajetória para escrever mais um capítulo de sucesso no futebol baré, mas o ciclo foi interrompido. O treinador foi demitido no começo de agosto com 71% de aproveitamento à frente do Nacional, o que foi - para muitos - um 'tiro no pé' da diretoria do clube, já que o comandante era um dos responsáveis pela ascensão e retomada do Leão da Vila Municipal  à vitrine do cenário nacional.
Lana chegou a fazer um desabafo após sua saída do clube, quando decretou que não haviam sido os resultados negativos os responsáveis por sua queda. Após a eliminação da equipe amazonense na Série D, o treinador abriu o jogo e falou tudo o que aconteceu e acontece nos bastidores do Nacional Futebol Clube e que, de acordo com ele, foram decisivos para o fim amargo e prematuro de uma temporada que poderia ser histórica.
Em conversa com o GLOBOESPORTE.COM/AM, Lana expôs seu desafeto com o diretor Gilson Mota, o envolvimento da diretoria nas escalações da equipe, criticou as contratações desnecessárias que ''rendem muito dinheiro para quem está lá dentro'' e afirmou que o futebol amazonense volta à estaca zero.
Aderbal Lana (Foto: Anderson Silva/Globoesporte.com)Aderbal Lana (Foto: Anderson Silva/Globoesporte.com)
Você já declarou, porém sem citar nomes, que tem desafeto com alguns membros da diretoria. Quem você apontaria como principal causador dos problemas internos do time?
Ele é fofoqueiro, fala besteira, inventa histórias e fica de leva e traz para o Cortez e  o Governador "
Lana, sobre o diretor Gilson Mota
- É o Gilson Mota. Ele tenta comandar o Nacional. Não tenho porque esconder isso. Ele define escalações, contratações, tudo. Eu, como disse antes, saí do Nacional por isso. Fui contra o que ele queria e, ao bater de frente, me tiraram. Inclusive, uma semana antes do nosso jogo contra o Genus, eu proíbi que o Gilson acompanhasse os treinos e chegasse perto de mim ou da comissão técnica. Deixei claro que não gosto dele. Ele é fofoqueiro, fala besteira, inventa histórias e fica de leva e traz para o presidente (Mário Cortez) e o Governador (Omar Aziz), só para tentar crescer lá dentro.
Qual o envolvimento da diretoria nas escalações de elenco do Nacional?
Eles pressionaram e tentam a todo custo colocar ‘pra jogo’ os atletas que os agradam. Posso afirmar que eles nunca tiveram envolvimento direto nas minhas escalações. Pelo contrário, nunca cedi a esse tipo de fofoquinha. Teve uma única vez que o Cortez me chamou para uma reunião e questionou por que eu não usava o Lídio ao invés do Dinamite. A pressão forte contra a minha insistência do Dinamite acarretou, inclusive, na minha saída. Coincidentemente, no mesmo dia que fui desligado do cargo, o outro treinador assumiu. No primeiro jogo que ele comandou o Dinamite já era reserva do reserva. Foi a prova mais concreta de que a diretoria manda diretamente na escalação e elenco.
Você criticou a posição dos dirigentes em relação a Copa do Brasil, Mas sua postura, inicialmente, também era ‘desviar o foco’ para a série D. O que aconteceu?
Eu queria, antes de tudo, deixar claro que em momento algum menosprezei a Copa do Brasil. O que eu sempre tentei foi mostrar aos torcedores que nós também estávamos atentos à Série D e que ambas as competições eram importantes para nós. Ao contrário deles (diretoria), que se esforçaram ao máximo para minimizar a participação do Nacional na Copa do Brasil. Como é isso? Era sim importante! No ano do centenário, o time conseguiu um feito inédito e podia ter conseguido resultados ainda melhores.
Qual sua visão sobre as mudanças de elenco e a eliminação prematura da Série D?
Quando eu saí, a Série D estava administrada. Nós tínhamos seis pontos e dava para manter uma situação tranquila. O outro treinador assumiu a equipe e achou certo mudar completamente um cenário ótimo. Ele desfigurou toda a equipe, isso não se faz. O Nacional ideal seria: Jairo (Gilberto); Morisco e Emerson; Bigú e Erick; Lídio, Dinamite, Evandro e Danilo Rios; Felipe e Leonardo. Com um plantel desses e fortes jogadores, não é possível que ele tenha realmente escalado a equipe que escalou. Foi interferência da diretoria, que insiste em se meter na escalação.
Entre as mudanças mais contestadas no jogo contra o Salgueiro-PE, a ausência de Danilo Rios e Leonardo como titulares foram as mais pertinentes. Qual sua visão sobre a alteração?
Quando eu assumi o Nacional, o Danilo Rios estava em uma lista de dispensa. Eu que o segurei lá. Ele foi crescendo, se criando e provou que era o fantástico jogador que é. Infelizmente, esse novo treinador não soube como agir e sacou dois jogadores essenciais para o time. Como que alguém coloca Danilo Rios e Leonardo como reservas? Ir para o Rio de Janeiro enfrentar o Vasco com um time reservas? Pior ainda foi ter anunciado que o Danilo e o Leonardo eram “reservas oficiais”. Eles são os principais jogadores do Nacional. Toda essa mudança foi mal feita, mal planejada e ridícula!
Como você encarou essa manutenção repentina no elenco?
O que aconteceu é que o Nacional estava nadando em dinheiro. Era muito dinheiro, mesmo. Com isso, começam as contratações. Por quê? Porque contratação rende muito dinheiro para quem está lá dentro. Eu sei como isso funciona. Eu só não vou citar nomes, porque não tenho provas concretas, no papel, para apontar. Uma vez que esses novos jogadores chegaram, eles tinham que colocá-los em campo para mostrar serviço. Foi isso que aconteceu.
O futebol amazonense volta à estaca zero após essa eliminação?
Volta, com toda certeza. Nós conseguimos um feito inédito. Há 10 anos não víamos o torcedor local respirar o futebol amazonense. O Estado teve a chance de voltar a festejar seu futebol e esses diretores destruíram isso. Vai ser difícil conseguir reviver um ano como este.
Qual será o futuro de Aderbal Lana?
Por enquanto estou resolvendo umas pendências. Inclusive, estou indo para a justiça contra o Nacional. Não tive aviso prévio quando fui demitido e até hoje eles não pagaram o que faltou. Já tentei fazer um acordo, mas como não aceitam, vou levar isso à frente até resolver minha dívida. Ao mesmo tempo, estou me preparando para voltar à minha terra. Estou indo embora para Minas Gerais.
Globo esporte.



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