quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Para os amariocas refletirem.

Que me perdoem os amariocas, mas cultivar nossas raízes é fundamental

Luis Cláudio Chaves Luis Cláudio Chaves*


Comecei a nadar no Olímpico Clube por volta dos meus nove anos.
Entrei primeiro na escolinha, depois passei a fazer parte da equipe que defendia as cores do clube dos cinco aros.
Para conquistar o direito de representar o Amazonas nas competições nacionais era preciso alcançar o índice. Tinha-se de ter um certo nível pra não fazer feio lá fora.
Então, durante os meses que antecediam as competições, acordava às 4h30 e às 5h já estava dentro da piscina, treinando até às seis.
Depois ia para o Colégio e à tarde, a partir das 18h, novamente na piscina, até 20h.
Nadava ao todo uns quatro a cinco mil metros por dia.
Tudo com o objetivo de representar o Amazonas nas competições nacionais.
Depois, já na adolescência, comecei a jogar polo aquático na ETFAM.
Nova rotina de treinos e competições.
E várias vezes tive a felicidade de integrar a seleção do meu estado.
Essa foi a minha formação.
Talvez por isso tenha tanta dificuldade de aceitar os amazonenses torcendo contra o Amazonas.
Nos últimos sete dias cenas deprimentes foram mostradas pela imprensa em geral:  começou com o acampamento montado pelos vascaínos de Manaus em frente à sede do Nacional afim de comprarem seus ingressos para o jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, diante do Mais Querido, único representante do Amazonas e do Norte do país.
Seguiram-se atos de vandalismo e falta de educação, depois vieram a recepção ao time carioca no aeroporto, a invasão no treino etc. Parecia até a chegada do Papa em Manaus. Mas era só o time do Rio. Muito provincianismo. Se fossem o Barcelona, Real Madrid ou o Milan, ainda vá lá. Mas o Vasco?
Depois, parte da imprensa local  (só uma pequena parte, ainda bem) resolveu tratar o evento como o jogo do ano. Meu Deus, aonde nós estamos? Claro: pipocaram gozações por todo Brasil, a começar pela imprensa fluminense. Eles não entendem como um time que comumente vem disputando posições intermediárias na tabela e que não vence sequer um título estadual há 11 anos, amargando uma série de vice- campeonatos, encontrando-se atualmente mais uma vez ameaçado de rebaixamento, pode provocar tudo isso.
Antes de me acusarem de intolerante, vou logo dizendo: todos têm o direito de fazer o que melhor lhes aprouver, assim com tenho o direito de ter minha opinião.
Pra mim, amazonense torcer contra o Amazonas é errado e pronto.
A falta de identidade é tamanha pois até pra torcer imitam os cânticos que ouvem nas transmissões de TV. Imitam também o nome das torcidas, os xingamentos e por aí vai.
Pobres jovens sem rosto. Se forem passar uma semana no Rio de Janeiro muito provavelmente ocultarão sua origem e ao voltarem estarão falando carioquês igualzinho ao Romário.
Os amariocas que me perdoem, mas cultivar nossas raízes é fundamental.

* Luis Cláudio Chaves é juiz de direito.
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A Águia de aço assina em baixo.

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